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Foto do escritorJess Petkow Fraser

Os Corações Dormentes da Vida Moderna

Todos os dias pela manhã, eu sento na mesa da cozinha que fica bem ao lado de uma grande janela para escrever. Escrever qualquer coisa que me toque e expresse meu coração. Normalmente, a beleza ordinária de algo seduz meus olhos e isso basta para que palavras vivas, cheias de coração, surjam em minha frente. É um momento bem especial, um pequeno ritual, que não garante necessariamente bons textos, mas garante a pausa necessária para notar as pequenezas e deixar que os detalhes minúsculos encantem os sentidos e os sentires. E por que isso importa?

Num mundo rápido, automatizado e "eficaz" é comum esquecer que o nascer e o pôr do sol têm cores lindas, que as plantas na soleira da janela mudam todos os dias, que uma xícara de café bem aproveitada, além de saborosa, faz a segunda nem ser tão necessária e que aquela pessoa especial, seja um amigo, um amor ou um parente também se transforma inúmeras vezes e caminha junto com você em direção ao fim. Enquanto estamos imersos na nossa pequena realidade, o mundo se agiganta diante dos nossos olhos, num eterno looping de começos e fins. Eu não tenho a intenção de trazer pensamentos mórbidos em plena segunda-feira, mas o nosso entorpecimento como sociedade moderna me dá preguiça. A vida é muito mais do que nossa percepção limitida e nossa agenda cheia.

Realizar, servir, expressar seus talentos, desejos, aptidões, trabalhar em prol de algo, construir, é saudável e extremamente necessário, faz parte da nossa caminhada. Mas precisamos servir com o coração desperto, com os olhos abertos e limpos e com uma mente não tão feroz. Caso contrário, perdemos o pulso da vida, adormecemos o coração e envelhecemos cheio de coisas, enquanto por dentro o que fica é um vazio que incomoda.

O meu vazio quando aparece, eu resolvo com as pequenas coisas, nada muito grandioso. É um breve momento presente, inteira e com o coração vivo. É poder notar e ser tocada que me tornam humana. É saber o que importa e poder estar lá, fazendo o que importa. Sendo prazeroso ou não. É aprender a escutar. Notar a beleza e a feiúra das coisas é o que permite nos tornamos mais nós mesmos ao invés de repetir padrões. É se abrir para o discernimento e o contentamento que um coração não adormecido traz. E tudo isso normalmente descansa nos detalhes, aqueles detalhes que não cabem na nossa agenda.

As Plantas da Soleira da Janela







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