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Writer's pictureJess Petkow Fraser

Uma Prosa Sobre a Foto: O Môa & Eu

Na foto, eu e o Môa, nome que durou cerca de duas horas, porque seu nome verdadeiro era Cipó. Cipó, que por sinal comemora aniversário de duas semanas de renascimento, porque levou um beijo de uma jararaca bem no pescoço. Inchou igual balão, foi pro veterinário dentro de um saco plástico numa canoa de madeira. Chegou morto e reviveu depois de tomar o antídoto. O mesmo Cipó, que duas horas depois dessa foto abocanhou a galinha favorita do Seu Rael. Essa mesma galinha que já tinha morrido e ressuscitado duas vezes. Ela era especial, seu Rael disse. Eu percebi. Sorte que percebi antes da sua terceira morte. Ela está foragida, na verdade. Não sabe se viva ou morta, pois fugiu da boca do Cipó, foi lá pro meio do bambuzal. Bom, Seu Rael ressuscitou a coitada nas últimas vezes com uma oração pro Espírito Santo. Quem contou isso foi Seu Osni, irmão do Seu Rael. Seu Rael não pode contar a história porque tava emocionado demais com o sumiço/terceira morte da sua galinha favorita. Eu torço pra que a galinha milagrosa reapareça, ela parecia de fato, muito especial. Já o Cipó, que sumiu depois do atentado, reapareceu horas depois, no caminho de volta. Me esperou na porta do banheiro, mas foi expulso pela zeladora do centro de informações. Nem pude me despedir. Que bom restou uma foto. Foto que mostra eu e o Cipó, que nessa hora ainda era Môa, procurando um jeito dele subir pelas pedras. O Môa tinha medo de nadar. Se eu soubesse ali naquele momento, que ele era o Cipó, que “beijava” cobras e roubava galinhas eu teria amorosamente o empurrado na água. Assim ele iria reaprender a nadar. Mas eu não tinha como saber. O Môa tinha uma certa delicadeza e fragilidade que o Cipó desconhece. E nem sei se um dia vai conhecer. Mas ainda sobre a foto, que dia bonito foi!


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